Thursday, September 27, 2018

Parlamentos no Processo Legislativo



"Internet como Esfera Pública Global e o Papel Atual dos Parlamentos no Processo Legislativo"

"Internet as a Global Public Sphere and the Role of Parliaments during the Legislative Procedure"

RESUMO

A popularização das Tecnologias da Informação e Comunicação trouxe diversas transformações nas várias searas do meio social. Do mercado às instituições públicas, as significativas alterações comportamentais recentes dividem opiniões e esperanças na superação das limitações até então impostos às interações sociais sem tais tecnologias. No campo da representação política e da expressão dos valores democráticos não é diferente. Muitas visões se cindem sobre o presente e o futuro no tocante à manifestação da vontade e exercício da soberania popular. Este trabalho, primeiramente, parte de breve análise sobre o conceito de esfera pública para averiguar as possibilidades de a Internet ser considerada um verdadeiro veículo para a consecução de uma esfera pública em âmbito global. Posteriormente, defronta-se com o problema da atual estrutura da Rede, com funcionamento cada vez mais baseado em interesses privados, o que impõe desafios teóricos e práticos à consecução de um ambiente efetivamente democrático. Finalmente, utiliza-se deste breve arcabouço teórico para discutir o problema de fundo acerca do papel dos parlamentos no funcionamento da democracia contemporânea no processo legislativo.

Palavras-chave: Internet. Direito. Democracia. Esfera Pública. Parlamento.

ABSTRACT 

The popularization of the Information and Communication Technologies brought deep changes in many areas of society. From the market to the public institutions, these significant and recent behavioral modifications has been dividing opinions and hopes in the overcoming of the current limitations imposed to social interactions without these technologies. Talking about the political representation and the expression of the democratic values is not different. It splits opinions about the present and the future in regards of political will and the exercise of popular sovereignty. This work starts first on a brief analysis on the concept of public sphere to inquire the possibilities of the Internet to be considered a true vehicle for the achievement of a global public sphere. Later, it is confronted with the problem of the current structure of the Net, more and more based in private interests, what imposes theoretical and practical challenges to the achievement of a true democratic environment. Finally, all this concepts are used to face the problem about the current role of parliaments in the legislative process in the functioning of the contemporary democracy.

Keywords: Internet. Law. Democracy. Public Sphere. Parliament. 

INTRODUÇÃO 

As transformações trazidas pela popularização das tecnologias da informação e comunicação (TICs), especialmente a Internet, alteraram sensivelmente o cenário político contemporâneo. E este amplo universo de possibilidades para a concretização de valores democráticos como liberdade de expressão e de associação, dentre outros, tem levado muitos a afirmar que o atual ambiente social traz consigo grande potencial para o incremento das instituições democráticas. Não há dúvida de que a Internet pode melhorar a transparência, a responsabilidade política, entre outras questões que são basilares em um sistema efetivamente democrático. Entretanto, muitos questionam tais assertivas, tendência crescente em parte da literatura especializada nos últimos anos, chegando alguns a afirmar que a dita “democracia digital” seria um verdadeiro mito
. E em tempos de “big data”*e as revelações de violação maciça do direito humano à privacidade em escala global, parece que a ideia de uma Internet livre está cada vez mais se tornando uma imagem no passado, o que reforça a profundidade do problema científico a ser enfrentado. Este trabalho tem por escopo principal abordar alguns dos desafios para que a Internet seja considerada uma verdadeira esfera pública global. Para tal, vale-se de breve escorço doutrinário sobre o conceito de esfera pública e seus elementos. Posteriormente, confronta tais premissas com a atual estrutura da Web 2.0, revelando alguns riscos para o exercício da cidadania na atualidade. A hipótese é a de que o papel de local de representação política por excelência, exercido ainda hoje pelo Parlamento em Estados democráticos, parece estar em cheque, fato que cada vez mais traz uma profunda questão de fundo: a sua função atual na estrutura estatal hodierna.

BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE O CONCEITO DE ESFERA PÚBLICA

Muitos autores valem-se da noção de esfera ou espaço público na teoria democrática. Entretanto, a doutrina recorre amiúde à obra de Jürgen Habermas para a compreensão mais aproximada do conceito. In verbis:

Esfera ou espaço público é um fenômeno social elementar, do mesmo modo que ação, o ator, o grupo ou a coletividade; porém, ele não é arrolado entre os conceitos tradicionais elaborados para descrever a ordem social. A esfera pública não pode ser entendida como uma instituição, nem como uma organização, pois, ela não constitui uma estrutura normativa capaz de diferenciar entre competências e papeis, nem regula o modo de pertença a uma organização, etc. Tampouco ela constitui um sistema, pois, mesmo que seja possível delinear seus limites internos, exteriormente ela se caracteriza de horizontes abertos, permeáveis e deslocáveis. A esfera pública pode ser descrita como uma rede adequada para a comunicação de conteúdos, tomadas de posição e opiniões; nela os fluxos comunicacionais são filtrados e sintetizados, a ponto de se condensarem em opiniões enfeixadas em temas específicos. Do mesmo modo que o mundo da vida tomado globalmente, a esfera pública se reproduz através do agir comunicativo, implicando apenas o domínio de uma linguagem natural; ela está em sintonia com a compreensibilidade geral da prática comunicativa cotidiana.

Como se pode notar, o conceito mescla elementos negativos e positivos, porém, a análise posterior vai delimitando suas características fundamentais. Dos pontos mais marcantes está a posterior diferenciação entre “atores” e “plateia”, em um ambiente em que alguns grupos ou indivíduos exercem maior influência sobre a opinião de outros.

Assim, a luta por influência acaba por revelar os liames da chamada sociedade civil, que mescla o público e o privado no arrebatamento de opiniões favoráveis às pretensões de um ou outro grupo de indivíduos. E, contemporaneamente, segundo o autor, exercem papel decisivo neste ambiente os meios de comunicação de massa, determinantes na formação da chamada opinião pública.

Finalmente, destaca-se ainda que, no arranjo institucional do que Robert A. Dahl denomina de segunda geração da democracia, cujas estruturas ainda estão fortemente presentes, a opinião pública exerce grande influência no Estado, direcionando os debates políticos para os períodos de eleição, embora não somente. Portanto, os debates no espaço público que formam a opinião pública tenderiam a se refletir na composição do Parlamento, e em todas as instituições que integram sua formação (formal ou informalmente), como partidos políticos e grupos de interesses.

A INTERNET COMO ESFERA PÚBLICA GLOBAL

Postas algumas noções acerca do conceito de esfera pública na obra de Habermas, percebe-se que se trata, em linhas gerais, de uma rede de comunicações onde “atores” e “plateia” se misturam como players na busca por influência e, naturalmente, pelo poder político. E, desta forma, a eclosão das Tecnologias da Informação e Comunicação naturalmente provocaria também sensíveis alterações estruturais também nesta seara. Assim, não faltaram e não faltam vozes para identificar na Internet um verdadeiro espaço público por excelência, profícuo para o debate franco e aberto de ideias, onde é possível o exercício pleno das liberdades de expressão, comunicação, informação nas perspectivas ativa e passiva. Nesse sentido, também a importante contribuição de Manuel Castells. 

Outros autores também revelam inegável entusiasmo com o potencial não só da Internet, mas das TICs, para a formação de um ambiente de ciberdemocracia planetária. Ainda que salientem ser, por exemplo, a ausência de privacidade na sociedade contemporânea um enorme risco para a profusão destes ideais democráticos, acabam por concluir que a democracia se globalizou, fazendo frente à “globalização do capital”, e se revelará em três grandes frentes: 
(1) a promoção de experiências democráticas locais; 
(2) a formação de um governo global; 
(3) o desenvolvimento de virtudes cívicas que englobam consumo, investimento e trabalho. Analisando o fenômeno, por seu turno, Siva Vaidhyanathan destaca que “a obra de Habermas influenciou esforços de reforma da mídia e – em uma extensão muito menor – a política midiática. Exaustos por tentar reconstruir a Ágora grega, nós temos que nos concentrar em tentar construir melhores cafeterias”, referindo-se à famosa passagem do autor que atribui às cafeterias na Europa o papel de formação da opinião pública na sociedade burguesa.

Entretanto, posteriormente, Siva tece críticas não só ao conceito de esfera pública em si, ao que atribui a pecha de restrito histórica e geograficamente****, como à asserção de que a Internet atual pode ser comparada à “sociedade civil cosmopolita ou sua prima, esfera pública global” [30]. Mas a pedra de toque nas observações de Vaidhyanathan diz respeito à atuação de um agente específico na Internet atual e dos riscos ao papel de locus de discussão de questões políticas atribuído a ele: o Google. Para o autor, a aplicação do conceito de relevância nos filtros dos mecanismos de busca, o que influencia na personalização de informações que chegam ao usuário/consumidor final, influi fortemente na sua formação de opinião e, naturalmente, na estruturação de um espaço aberto de discussões políticas voltadas à formação da opinião pública. Quando um único provedor de aplicações de Internet é responsável por significativo tráfego de informações não é difícil afirmar que exerce grande influência sobre uma Rede que supostamente nasceu para ser descentralizada. Não obstante, como diz o próprio autor na abertura de sua obra, o problema não está no Google, mas como, quanto e por que o usamos tanto. Como se sabe, a Internet na atualidade é baseada na estrutura da dita Web 2.0. Trata-se de um slogan para aludir a um conjunto de modelos de negócios dos provedores de aplicação em que o usuário produz o conteúdo e tal informação é o principal capital do empresário, criando um meio mais eficiente para o publicitário por fazer chegar o anúncio direcionado às preferencias do consumidor. 

No tocante ao exercício da cidadania, Antônio Perez Luño, apoiado em Cass Sustein, afirma que é possível identificar duas perspectivas de cidadania nesse ambiente tecnológico. A primeira, a “cybercidadani@”, revela os inegáveis aspectos positivos do uso da tecnologia para acesso ao conhecimento, à informação, para o incremento da transparência, dentre outros.Não obstante, conforme destaca Sustein, a Internet e suas regras baseadas em modelos privados de apropriação acabam por gerar um espaço aparentemente público, mas que no fundo é fruto de um simulacro, uma “republica.com”, cujo modelo de cidadania é o da “cidadani@.com”. Em linhas gerais, tratam-se de cidadãos cuja consciência cívica é movida pelo consumo de informação, marcados pela passividade.

Ao analisar as perspectivas para a democracia na sociedade informacional, Marciele Berger Bernardes distingue duas atitudes antagônicas: otimistas e pessimistas. Dentre os primeiros, os supracitados Castells e Pierre Levy. Dentre os segundos, Lawrence Lessig, Zygmunt Bauman. Ainda que pareça superficial adotar o critério “otimista vs. pessimista” para categorizar as densas obras analisadas, Antonio Perez Luño também adota fator de classificação semelhante, ao atribuir a Sustein o rótulo de “pessimista” quanto à democracia na Internet, visão à qual parece se alinhar.Para se debruçar sobre o problema das perspectivas para o Parlamento, e da democracia como um todo, frente às Tecnologias da Informação e Comunicação, não basta a filiação às visões genericamente divididas em “pessimistas” ou “otimistas”. 

Com efeito, Gustavo Zagrebelsky procura uma via tercis na análise dos postulados democráticos. Trata-se da chamada democracia crítica, situada entre a atitude cética e a dogmática [32].Esta é a atitude perante a questão da possibilidade de a Internet hoje ser considerada uma esfera pública global, capaz de substituir toda e qualquer forma de representação política tradicional e suas estruturas jurídicas em curto espaço de tempo. Sem abandonar a utopia de uma democracia direta, mas atenta aos riscos de tecnologias da qual a humanidade cada vez se torna mais dependente e, ao mesmo tempo, que são desenvolvidas e geridas de acordo com interesses de poucos e poderosos conglomerados empresariais.

PERSPECTIVAS PARA O LEGISLATIVO CONTEMPORÂNEO: É POSSÍVEL SUPERAR O PARLAMENTO COMO ELO CENTRAL DO PROCESSO LEGISLATIVO?

A conjugação das Tecnologias da Informação e Comunicação com os postulados democráticos, conforme exposto, aumentou consideravelmente as possibilidades para a manifestação da vontade popular. Dessa forma, não faltaram (e não faltam) vozes a proclamar que o ambiente atual revela-se fértil em experiências cuja “eliminação de intermediários” também na seara política estatal. Entretanto, conforme também ressaltado, a reconhecimento das potencialidades não pode ocorrer sem a mensuração dos riscos. Sabe-se que a substituição de intermediários é uma antiga promessa da Internet. A eclosão de um ambiente tecnológico originalmente descentralizado e tecnologicamente neutro ainda leva muitos a concluírem que esta será a força motriz da democracia participativa no futuro, superando a influência negativa sobre a esfera pública em épocas anteriores exercida pela mass media, como a televisão e a imprensa. Entretanto, para Eli Pariser, apoiado em Tim Wu, trata-se de uma promessa não cumprida, à medida que a Internet não eliminou intermediários, mas apenas os substituiu [26]. A questão é também posta à representação política e, naturalmente, ao seu locus tradicional nas democracias contemporâneas: o Parlamento. Principalmente quando é possível verificar que os moldes tradicionais da representação vão se tornando cada dia mais anacrônicos, levando muitos a concluírem se tratar de uma crise de representatividade política ou, simplesmente, um alto déficit democrático entre a vontade do representante e a vontade do representado. Antes de enfrentar o complexo problema da necessidade ou não de um Parlamento na atualidade, é necessário averiguar qual a sua função no Estado contemporâneo. As funções do poder legislativo são sintetizadas por Kildare Gonçalves Carvalho: 

a) Representativa, traduzida na capacidade única do legislativo em simular o mosaico social, protegendo minorias por dar-lhes poder de voz e voto na produção das normas; 
b) Obstrucionista, freando os ímpetos do poder Executivo, unilateral e pessoal, já que se trata de Órgão colegiado. É o que lhe atribui caráter mais conservador;
c) Mobilizadora do poder popular, promovendo a articulação entre a execução de políticas públicas e a vontade popular;
d) Informativa, divulgando fatos no intuito de diminuir a distância entre cidadãos 0e os representantes; e) Educadora, alcançada por sua maior visibilidade e apelo a questões morais e éticas; f) Eletiva, típica do parlamentarismo, onde o parlamento escolhe o primeiro ministro.

No Brasil, restringindo-se ao Congresso Nacional, é possível identificar que estão presentes a quase totalidade das funções no sistema constitucional, com ressalva da eletiva. Não obstante, tampouco faltam vozes para verificar a falta de efetividade prática em sua atuação. Isto porque a dita “crise de representatividade” é algo recorrente entre a doutrina, dela decorrendo, por exemplo, entraves como: as dificuldades de exercício da iniciativa popular; a composição de uma bancada governista a obstar o exercício da função obstrutiva (e todas as outras); a formação de grupos de pressão multipartidários atuando de acordo com seus próprios interesses (bancada ruralista, “evangélica” etc.); a pouca informação prestada pelo próprio legislativo e a maior visibilidade dada ao poder executivo; dentre tantos outros fatores que levam muitos a afirmar que o legislativo hoje está mais próximo de um problema do que uma solução para o “gap de representatividade”.

Portanto, muitos questionam se a solução para o problema seria o fim do Parlamento. Robert A. Dahl, por exemplo, afirma que não. No que denomina de “Poliarquia III”, em superação às poliarquias da primeira e segunda geração da democracia, o autor enumera algumas possibilidades com ressalvas. Afirma o autor que um determinado país poderia até criar uma espécie de “conselho permanente”, um pequeno grupo de cidadãos eleitos para auxiliar a tomada de decisões políticas, o que chama de um minipopulus. “Os membros de um minipopulus poderiam ‘se reunir’ por meio das telecomunicações,” afirma. Por outro lado, outros afirmam que sua atuação no processo legislativo vai torná-lo cada vez mais interativo. Esta é a visão de Cristiano Ferri Soares de Farias, um dos idealizadores do projeto e-democracia da Câmara dos Deputados. Para ele, há dois tipos de experiências em e-democracia, as institucionais e as não institucionais. Analisando experiências interativas promovidas no âmbito do Poder Legislativo, conclui o autor que da simbiose entre os princípios clássicos da democracia representativa e os da democracia participativa, surge a interatividade digital no parlamento. Por último, é também possível asseverar que o Parlamento preservará e fortalecerá seu poder de fiscalização de outros poderes, mormente o Executivo. Não obstante, que seu papel de elo central no processo legislativo será paulatinamente substituído por outros mecanismos, ganhando força os não institucionais de participação e manifestação da vontade popular. E nesse aspecto, a Internet ganha grande relevância.

CONSIDERAÇÕES FINAIS 

As Tecnologias da Informação e Comunicação introduziram alterações sociais profundas e significativas. Ao passo que seu uso se alastra, parece que cada vez mais se está diante de um caminho sem volta, cujas consequências devem ser mensuradas, porém não podem ser evitadas. Este trabalho procurou averiguar um aspecto problemático, qual seja a capacidade de o ambiente político propiciado pela maciça utilização das TICs, principalmente a Internet, vir a ser considerado um espaço público ou esfera pública em âmbito global. Primeiramente, procurou-se trabalhar alguns aspectos estruturantes do conceito de esfera pública, sua importância para a teoria democrática e as críticas às suas premissas. Posteriormente, foi trabalhada a problemática acerca da viabilidade de a Internet vir a ser considerada como uma ferramenta de promoção e desenvolvimento de uma esfera pública em âmbito global. Ao final desta primeira etapa, concluiu-se que a Internet, hoje, não é a mesma de quando surgiu. Portanto, para que seja uma ferramenta de efetiva promoção dos postulados democráticos e naturalmente de consecução de uma esfera pública em âmbito global é necessário que se tome uma postura crítica, que supera a visão cética, mas tampouco tem atitude otimista cega. Assim, é necessário estar atento às peculiaridades da Web 2.0, cuja atuação de filtros de conteúdo indica para um ambiente de informações “personalizadas” segundo as supostas preferências do usuário, desenvolvido segundo interesses de promoção de produtos e serviços e cujas consequências para a democracia podem ser significantemente negativas. Logo, após descrever tal ambiente, foi possível enfrentar algumas perspectivas para a representação política e especialmente para o legislativo, materializado na figura do parlamento. Atendo-se ao processo legislativo, afirmou-se que não é unânime a asseveração de que a tecnologia certamente levará à consolidação da democracia direta. Ao menos em curto prazo. 

Isto porque há aqueles que afirmam que, mesmo com a possibilidade de manifestação direta da vontade política pela população, não será possível se prescindir da representação, que poderá se valer das tecnologias, mas nunca desaparecerá. Por sua vez, há quem identifique já um movimento crescente de utilização destas tecnologias pelo próprio poder legislativo, para fins de promoção de um ambiente que faz do Parlamento um ambiente cada vez mais interativo e do processo legislativo algo colaborativo. Por último, é possível identificar quem assevere que tal ambiente levará a uma paulatina perda de função do poder legislativo como protagonista do processo legislativo, restando-lhe o exercício de outras funções atípicas, o que poderá ser fortalecido pela maciça utilização das TICs. Não há resposta pronta, mas é certo que o problema está lançado e a única certeza que resta é a de que é necessário o aprofundamento do estudo acerca das potencialidades da Internet, bem como dos desafios para sua promoção e desenvolvimento, o que passa pela imposição de limites efetivos a interesses que podem ferir de morte as esperanças de um futuro mais democrático.

REFERÊNCIAS 

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Tuesday, September 25, 2018

Big Data Parlamentar


Big Data Parlamentar : abordagens colaborativas à sua navegação pelo Serviço Australiano de Pesquisa de Bibliotecas Parlamentares

Apresentado por Catherine Lorimer, bibliotecária sênior de direito, seção Law and Bills Digest, Biblioteca Parlamentar Australiana, Departamento de Serviços Parlamentares


O ambiente parlamentar australiano pode ser descrito como um microcosmo do mundo dos big data em que opera. Como parte de seu processo legislativo, desenvolvimento de políticas e consultas, o Parlamento Australiano gera um grande número de documentos em vários formatos. Além disso, outras informações que fornecem comentários e análises são publicadas pela Biblioteca Parlamentar, média, acadêmicos e colaboradores de médias sociais. Todas essas informações podem ser coletivamente descritas como "big data parlamentar". No entanto, ao contrário dos "big data" convencionais, trata-se de uma mistura de informações qualitativas e quantitativas; fato e opinião; verdade e fabricação.

Como nossos colegas parlamentares, um dos papéis do serviço de pesquisa da Biblioteca Parlamentar Australiana é navegar esses dados para os clientes - uma tarefa que está mudando e se tornando mais complexa. Este artigo examinará esse desafio e como estamos lidando com ele através do uso inovador de tecnologia e redes colaborativas. Os pesquisadores exigem conhecimentos especializados altamente desenvolvidos, conhecimento de procedimentos parlamentares e experiência para identificar e analisar esses dados de maneira oportuna e eficiente. Ao desenvolver e expandir abordagens colaborativas para pesquisa, os sítios de informação estão sendo desmembrados e as conexões significativas entre as fontes de dados identificadas. Essas ligações serão aprimoradas no futuro, à medida que técnicas de mineração de dados e ferramentas analíticas de dados visuais sejam desenvolvidas e adotadas.

O que é big data?

Big data é definido como uma coleção de dados muito complexos, muito variados e muito grandes para o gerenciamento das ferramentas convencionais de gerenciamento de banco de dados. De fato, a definição clássica de big data do McKinsey Global Institute refere-se ao big data como "conjuntos de dados cujo tamanho está além da capacidade de ferramentas típicas de software de banco de dados de capturar, armazenar, gerenciar e analisar".
Big data continua difícil de entender, pois pode significar muitas coisas para pessoas diferentes. Até certo ponto, é uma expressão que é fluida, evoluindo e mudando com o uso e adoção mais ampla. Essencialmente, dados grandes referem-se a dois fenômenos principais:
A velocidade de tirar o fôlego na qual os dados estão sendo gerados todos os dias
A melhoria da capacidade de armazenar, processar e analisar esses dados
Big data não é apenas sobre a escala ou volume de dados, mas também sobre a escala de interconexão, isto é, os relacionamentos ou vínculos que existem entre conjuntos de dados grandes e às vezes díspares.

Os quatro V's de big data

De acordo com os cientistas de dados da IBM para que os dados sejam considerados grandes, ele precisa atender a quatro dimensões - conhecidas como os quatro V de big data:
Volume - a grande quantidade de dados. A IBM estima que 2,5 quintiliões de bytes de dados são criados a cada dia. Desses dados, 75% não são estruturados, o que significa que eles vêm de fontes como texto, voz e vídeo, em vez dos dados estruturados mais familiares mantidos em bancos de dados tradicionais. Segundo o livro Internet trends 2014, estima-se que apenas 34% desses dados sejam úteis; No entanto, apenas 7% dos dados foram marcados para fornecer contexto e significado, e apenas 1% de todos os dados existentes foram realmente analisados.
Velocidade - são dados sendo produzidos em tempo real, acontecendo agora, crescendo e mudando constantemente.
Variedade - os dados podem ter diferentes formas, tamanhos e formatos. Não apenas dados estruturados, mas comentários, posts, fotografias, vídeos do YouTube e tweets.
Veracidade - os dados precisam ser testados quanto à autenticidade ou confiabilidade. Ele precisa ser confiável para tirar conclusões significativas. Se a tomada de decisões baseada em dados e baseada em evidências for usada no desenvolvimento de políticas públicas e na prestação de serviços públicos, ela precisa contar com dados precisos e de alta qualidade.

Alguns cientistas de dados sugeriram outro importante valor V - como os dados podem ser usados. Isto é especialmente relevante para o papel do serviço de pesquisa da Biblioteca Parlamentar.
Papel das bibliotecas e big data
Bibliotecários e pesquisadores têm usado big data há anos. Embora a terminologia possa ter mudado ao longo do tempo, o papel das bibliotecas tem sido coletar, avaliar e disseminar esses dados ou informações. Somos usuários experientes de bancos de dados estruturados e podemos aplicar essas habilidades e conhecimentos a novos formatos e volumes de dados.
Mais recentemente, o papel dos serviços de pesquisa tem sido agregar valor a esses dados; identificando de forma eficiente as fontes relevantes, analisando-as e tirando conclusões significativas.

Big data parlamentar

Em muitos aspetos, o Parlamento australiano é um microcosmo do mundo do ambiente de big data em que opera. O Parlamento gera o seu próprio "big data parlamentar" e são gerados dados adicionais sobre esses dados. Como membro do ramo de pesquisa, um dos meus papéis é usar esses dados parlamentares e ajudar os clientes da biblioteca a navegar nesse mar de dados em constante expansão.

O que é o big data parlamentar?

Como parte do processo legislativo e do desenvolvimento de políticas, o Parlamento debate as contas e a política nas câmaras parlamentares; passa Atos e regulamentos; estabelece comitês e realiza investigações.
Cada uma dessas atividades parlamentares gera seus próprios "big data". Por exemplo, o registro de debates parlamentares na Hansard, votos, artigos de aviso, comunicados de imprensa, audiências de comissão e relatórios, submissões e assim por diante, que são publicados em formato impresso ou eletrônico. Os registros de áudio e vídeo do processo parlamentar também contribuem para este big data parlamentar. Existem também numerosos documentos processuais que orientam o processo.

A Biblioteca Parlamentar Australiana também contribui para este "big data parlamentar". Por exemplo, produzindo suas próprias publicações, desenvolvendo coleções, realizando projetos de digitalização de materiais parlamentares, escrevendo memorandos individuais de clientes e enviando tweets sobre suas atividades. Também coleciona artigos relevantes de imprensa e acadêmicos, programas de média que relatam e comentam o funcionamento do Parlamento, políticos, partidos políticos e políticas, e os adiciona a bancos de dados estruturados.

Além disso, "big data parlamentar" oculto ou privado, como correspondência privada, e-mails e comentários de média social; documentos de gabinete; documentos internos do partido; discussões departamentais e atas.
Esse subconjunto parlamentar de big data é único, pois é uma mistura de informações qualitativas e quantitativas; fato e opinião; verdade e fabricação.

Impacto do big data parlamentar nos clientes da biblioteca parlamentar

Os nossos clientes da biblioteca parlamentar - senadores, deputados, comissões parlamentares e departamentos parlamentares estão cientes de que todos estes dados estão "lá fora" e por vezes podem sentir-se inundados por isso. Eles costumam se referir a isso como "sobrecarga de informação".
De fato, a primeira menção da frase "sobrecarga de informação" na Commonwealth Hansard ocorreu em 1979, por ocasião da apresentação do relatório anual da Biblioteca Parlamentar. O orador na época observou:

Os membros ilustres sabem muito bem a quantidade de informações a que estão sujeitos no exercício das suas funções parlamentares. Embora isso pareça excessivo, é apenas um símbolo da enorme quantidade de dados atualmente disponíveis e das tarefas dos serviços oficiais de informação na seleção, armazenamento, recuperação e entrega, quando e onde necessário. Nos últimos tempos, também houve um grande aumento na complexidade das questões atuais e na velocidade com que a informação deve ser assimilada e disseminada. Estas mudanças significam que os serviços de biblioteca e informação, como os deste Parlamento, se deparam com pedidos de resumos, resumos, análises e seleção objetiva para fornecer alívio da “sobrecarga de informação” e fornecer informações essenciais na forma mais concisa e relevante.
Esses comentários foram feitos na época em que a maioria das informações era fornecida apenas em papel. Avançando para o século XXI, onde agora existe um verdadeiro tsunami de informações em uma variedade de formatos, um ciclo de notícias 24 horas por dia e um comentário na média social.
Papel do Serviço de Pesquisa Parlamentar na navegação do big data parlamentar.
Experiência do pessoal

O serviço de pesquisa da Biblioteca Parlamentar Australiana é composto por sete áreas temáticas: economia; assuntos externos, defesa e segurança; lei e contas digerir; política e administração pública, ciência, tecnologia, meio ambiente e recursos; política social e estatísticas e mapeamento. Atualmente, há 75 pesquisadores trabalhando nessas áreas.

O serviço de pesquisa ajuda nossos clientes a navegar por esse mar de dados parlamentares, orientando-os e fornecendo-lhes as informações necessárias por meio do uso inovador da tecnologia, bem como da utilização de redes humanas. Embora nossa missão seja usar apenas informações publicamente disponíveis, os bibliotecários e pesquisadores experientes têm o conhecimento e a experiência para encontrar, navegar e analisar esses documentos.

Ao receber solicitações de pesquisa, os pesquisadores aplicarão sua própria especialização e conhecimento no fornecimento de uma resposta. No entanto, esta perícia também precisa ser conjugada com um conhecimento prático dos procedimentos e documentos parlamentares, de modo que uma perspetiva parlamentar possa ser fornecida, se necessário.

Por exemplo, um pedido de eutanásia pode exigir os argumentos legais e sociais a favor e contra, mas também informações sobre se o Parlamento já considerou esta questão; se houve a apresentação de contas, se um voto de consciência foi permitido, qual foi a votação final, como alguns indivíduos votaram, se houve uma investigação da comissão sobre a questão e quantas submissões públicas foram recebidas.

Especialização em tecnologia e pesquisa

A mais recente pesquisa com clientes de bibliotecas indica que cerca de 75% dos senadores, membros e seus funcionários usam o Google como primeiro local para encontrar informações. No entanto, quando isso não fornece o que é necessário rapidamente, eles frequentemente entram em contato com a Biblioteca para obter assistência na localização do que precisam. Eles também veem a Biblioteca como uma fonte confiável e confiável de informações.
Estando na linha de frente de receber e responder a solicitações, muitas vezes fica claro para mim que os clientes sabem que as informações de que precisam estão disponíveis, mas não sabem onde localizá-las e como procurá-las, especialmente quando precisam delas rapidamente.
Para continuar a analogia náutica, eles estão se "afogando" em um mar de dados parlamentares e precisam de ajuda para navegá-lo. Muitas vezes recebi telefonemas de funcionários com a linha de abertura "Eu pesquisei no Google, mas não consigo encontrar o que preciso" ou "Eu deveria saber onde encontrar isso, mas não tenho certeza de onde procurar". Frequentemente, neste estágio, as informações necessárias são necessárias rapidamente, como pode ser necessário para um comentário da média ou para responder a questões críticas de tempo, como um desastre natural. Por exemplo, informações sobre seguro de inundação e pagamentos de ajuda a desastres foram necessárias urgentemente após o Cyclone Debbie em Queensland e New South Wales.

É aqui que a expertise do bibliotecário de pesquisa é aplicada para recuperar e entregar as informações solicitadas. Temos as habilidades para segmentar fontes de informação relevantes e apropriadas, o que é mais eficiente do que o tráfego de dados no Google.

Nesta era atual de notícias falsas e fatos alternativos, houve pedidos de "checagem de fatos" de notícias e estatísticas particulares; cerca de 20 pedidos até agora em 2017 usaram essa frase específica. Mais uma vez, a experiência do bibliotecário de pesquisa em determinar a confiabilidade e a credibilidade dessas notícias é inestimável, mas deve-se notar que isso não é um fenômeno novo. As chaves para verificar a veracidade da fonte de informação são sua moeda; sua relevância; sua autoridade; sua precisão e sua finalidade.

Parlinfo e o site da APH

No Parlamento australiano, grande parte do big data parlamentar está disponível através do banco de dados Parlinfo. Enquanto os dados são organizados em bancos de dados distintos, é possível pesquisar todos esses dados de uma só vez ou procurar apenas bancos de dados selecionados. Há também uma grande quantidade de grandes dados parlamentares disponíveis através do site da Câmara do Parlamento Australiano, especialmente em relação às investigações das comissões.

Além dos envios diários de notícias, artigos, comunicados à imprensa e média, há vários projetos específicos em andamento para digitalizar documentos parlamentares. Estes projetos de digitalização incluem todos os documentos do Parlamento publicados desde 1901 até 2012; todas as contas e 5 documentos associados desde 1901 e a conversão das gravações analógicas de áudio e vídeo dos trabalhos parlamentares para os formatos digitais.

No entanto, à medida que esses grandes volumes de dados históricos parlamentares são adicionados ao Parlinfo, os conjuntos de resultados ficam maiores e precisam ser refinados para fornecer respostas significativas aos clientes. Isso pode ser feito usando facetas como data, fonte e relevância.
Limitações da tecnologia.

No entanto, o atual sistema de pesquisa Parlinfo e a capacidade de critérios de pesquisa do site APH têm limitações.

Por exemplo, as submissões públicas recebidas pelos comitês parlamentares estão disponíveis como documentos discretos no site de consulta relevante e podem ser selecionadas e baixadas individualmente. Com o tempo, o volume de submissões públicas para comissões aumentou, especialmente em tópicos controversos. Algumas dessas apresentações fornecem dados muito valiosos sobre um assunto, mas, a menos que sejam referenciadas no relatório final do comitê, não são prontamente conhecidas.

Atualmente, não há uma funcionalidade de pesquisa que permita pesquisar todos os envios para uma consulta. Isso seria útil quando um grande número de submissões é recebido para descobrir temas comuns ou onde a legislação específica é mencionada. Os departamentos parlamentares estão trabalhando em colaboração para melhorar o desenho e a usabilidade desta função de busca.
Lei e Seção de Digitação de Faturas.

A seção Law and Prestação das Contas usa amplamente as fontes parlamentárias de big data. Além de preparar e publicar as compilações de Notas em todas as Contas do Governo, são realizadas solicitações individuais de pesquisa do cliente.

Esses pedidos podem variar do relativamente simples e direto, como localizar uma versão atual de uma lei para traçar o histórico legislativo e o debate de uma disposição específica da legislação.
Por exemplo, uma solicitação recente foi determinar o número e o volume da legislação aprovada pela Commonwealth a partir de 1901. Encontrar o número de leis e regulamentos aprovados foi relativamente simples e compilado usando várias fontes de dados, incluindo volumes encadernados antigos e bancos de dados de legislação diferentes.

No entanto, os dados parlamentares não forneceram o número total de páginas de legislação aprovadas. Isso ocorreu porque a paginação cumulativa de Atos cessou em 2001 e os dados não estavam prontamente disponíveis.

Solicitações mais complexas podem exigir comparações de leis entre jurisdições internacionais. Por exemplo, uma solicitação de leis comparativas de violência doméstica requer acesso a grandes dados parlamentares de outras legislaturas, a fim de fornecer uma análise das diferentes abordagens adotadas sobre essa questão e de quaisquer revisões subsequentes de sua implementação.

Colaboração.

A colaboração é essencial para navegar neste mar de dados parlamentares. Isso pode abranger a utilização de tecnologia e redes humanas.

Colaboração dentro do ramo de pesquisa.

Desde 2010, todos os mesmos de clientes de filiais de pesquisa precisam ser capturados no TRIM, que é um sistema de gerenciamento de registros e documentos eletrônicos. Antes disso, cada seção armazenava suas notas do cliente em unidades de trabalho que eram acessíveis apenas por essa seção.
Com a introdução do TRIM, cada seção é responsável por arquivar seus próprios mesmos e inserir meta dados especificados para cada documento. A grande vantagem de usar o TRIM é que o trabalho do cliente agora pode ser pesquisado por todos os pesquisadores da biblioteca. Isso significa que o trabalho anterior em um determinado tópico pode ser identificado. Isso iniciou o processo de decompor os silos de informações que existiam anteriormente entre as seções e também fornece eficiência no local de trabalho.

O acesso ao trabalho do cliente no TRIM levou a uma maior colaboração cruzada entre diferentes seções, pois os pesquisadores podem identificar quem já trabalhou com esse assunto anteriormente e incentiva a interação com eles. Uma vantagem desse processo é que, onde novos desenvolvimentos ocorreram nessa área de assunto, uma conversa sobre a moeda do trabalho anterior pode ocorrer e garante que informações desatualizadas não sejam fornecidas.
Naturalmente, a questão da confidencialidade do cliente é fundamental em qualquer sistema de gerenciamento de documentos. Para este fim, as restrições de acesso estão em vigor para o trabalho do cliente. As seções de assunto podem ver o texto completo de seus próprios memorandos de cliente, mas eles só podem ver os meta dados de memorandos de cliente de outras seções e, em seguida, solicitar para exibir o texto completo.

Colaboração com as comissões parlamentares

A avaliação do serviço ao cliente de 2015 identificou que a biblioteca parlamentar precisava ser mais pró-ativa no envolvimento com as comissões parlamentares. No ano passado, medidas para construir relacionamentos com as secretarias de comissões e com a equipe de pesquisa foram realizadas.
Isto viu as secretarias de contato da Biblioteca quando novas investigações são anunciadas e discutem como o ramo de pesquisa pode ajudar fornecendo informações básicas ao comitê.
Além disso, tem havido oportunidades para o pessoal da biblioteca ser destacado para comissões e vice-versa. Isso levou a uma maior compreensão dos procedimentos, processos e foco do trabalho realizado nesses ambientes.

Colaboração com bibliotecas parlamentares estaduais e territoriais.

Como a Austrália é um sistema federal, existem muitas áreas do direito em que as leis estaduais e territoriais se aplicam, em vez de uma lei nacional, por exemplo, as leis de sub-rogação.
Ajudamos regularmente nossos colegas nas bibliotecas parlamentares estaduais e territoriais, e buscamos assistência deles, especialmente quando uma resposta é necessária rapidamente e isso é melhor obtido através de contatos pessoais no serviço de pesquisa.
Por exemplo, a proposta de estabelecimento de um esquema parlamentar de indenização por danos para os políticos federais exigiu uma investigação sobre o tipo de esquemas, se houver, operados nos estados e territórios australianos, bem como no exterior. E-mails enviados para o nosso estado e sete contrapartes do território em busca de assistência forneceram uma grande quantidade de informações para responder a essa solicitação.

Colaboração com Bibliotecas Parlamentares Internacionais.

Quando as informações não são prontamente encontradas através dos sites das legislaturas estrangeiras, são usadas solicitações de e-mail para colegas estrangeiros. Por exemplo: com o esquema de compensação de lesões, foram enviados e-mails para colegas internacionais e respostas úteis fornecidas.

Este ano, iniciou-se um projeto conjunto com colegas de pesquisa de parlamentos estrangeiros. Um trabalho de pesquisa sobre o arcabouço legal que regula as agências de inteligência está sendo realizado com contribuições de colegas de pesquisa da Austrália, Canadá, Nova Zelândia, Reino Unido e Estados Unidos, resultando em um documento final de colaboração. Este é um bom exemplo de serviços de pesquisa parlamentar trabalhando juntos e desenvolvendo contatos e redes pessoais.

Colaboração com especialistas externos.

Nossa colaboração com especialistas externos reconhece o fato de que a equipe de pesquisa da biblioteca não pode esperar manter a expertise em todas as áreas de conhecimento especializado. Essa colaboração acontece até certo ponto através dos seminários tópicos da Biblioteca apresentados por especialistas, contratos de curto prazo para preparar trabalhos especializados, revisões externas de publicações e, mais recentemente, briefings especializados. Estes briefings são limitados aos clientes da biblioteca, onde as perguntas podem ser feitas seguindo o especialista fornecendo um briefing oral. Recentemente, foi realizada uma reunião de especialistas na Índia, onde participaram três deputados e 12 funcionários políticos.

Direções futuras.

Os conceitos de "mineração de dados" e "análise de dados" se relacionam a novas e poderosas técnicas de processamento de computadores, usadas para descobrir, processar e analisar vastos conjuntos de dados interligados para identificar padrões, tendências e sentimentos. Essas ferramentas têm um enorme potencial comercial e do setor público.

A Biblioteca Parlamentar recentemente introduziu o acesso a Buzznumbers que monitoram tendências e sentimentos nas médias sociais, como o Twitter e as páginas públicas do Facebook, contra um perfil personalizado. Por exemplo, um perfil que monitora os tweets que mencionam o Primeiro Ministro, o Orçamento ou uma agência governamental específica.

O relatório de visão de futuro da Biblioteca Parlamentar de 2015 identificou que a colaboração se tornará cada vez mais importante para responder a questões complexas. Habilidades de análise de dados também precisam ser desenvolvidas entre os pesquisadores, a fim de permitir-lhes considerar e compreender o potencial de análise de dados, fontes de dados e interpretar os resultados.
Comentários conclusivos

Olhando para o futuro, está claro que o mar de dados parlamentares continuará a se expandir em uma miríade de formatos. Coletar esses dados, investigá-los e analisar suas profundidades e interconexões apresentam desafios contínuos para os pesquisadores das bibliotecas. No entanto, a mentalidade analítica de bibliotecários e pesquisadores é bem adequada para identificar e coletar informações valiosas desse grande mar de dados grandes.

Embora os desenvolvimentos tecnológicos em software de mineração de dados e análise de dados visuais forneçam algumas das respostas para descobrir importantes ligações e sinergias que existem no big data parlamentar; A promoção de redes e colaborações humanas, tanto no seio do Parlamento como com peritos externos, é igualmente importante.

Referencias:
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